1 – A Voz oficial:O espetáculo aborda expressões de filósofos, estetas, políticos, poetas, de figuras como Padre Antônio Vieira se manifestando contra a escravatura, passando por análise do papel de Tiradentes, manifestações de José Bonifácio, idéias de Milton Santos e outros que nos inspiram com sua coragem autoral a criação de novos rumos para uma sociedade ainda tão jovem e plena de futuro. Espetáculo otimista porque acredita na ação, e reflexivo porque vasculha nossos momentos libertários e as vozes que os promulgaram, sempre com vistas em proporcionar fortalecimento de atitudes responsáveis e de transformação.
2- A voz da critica oficial:A expressão corporal de D.S. é impressionante, cada vez mais impressionante, de tal modo ela se movimenta em “acrobacias” e expressões faciais, chamando a atenção de forma irônica/brincalhona para todos os períodos de nossa formação histórica, lembrando Gregório, Vieira, Castro Alves, o índio, o negro, chegando aos dias atuais. Diga-se que o espetáculo começa com uma leitura de João Cabral.
Em prodigiosos exercícios de contração/descontração, expressão facial, uso das mãos que impressionam mais que um Marcel Marceau, apontando o caminho que pode conduzir ao desespero do não ser pela impossibilidade de entregar-se àquilo que se poderia ser: o dia-a-dia corrido, sem espaço para o diálogo, o amor, a realização pessoal. (realise oficial)
Algumas (
vozes) crítica dissonante:
… e Denise Stoklos e o seu corpo. As arquiteturas em movimento. As partituras físicas. A respiração quântica. O gesto elipsoidal antuniano. Seu figurino pretinho básico. O cenário basiquíssimo, preto também, lógico. Sapatinho preto com saltinho. Denise Stoklos e as citações lugar-comum. O xaxado de trilha na parte que cita os Sertões. A luz em foco nela, na cela da prisão de Frei Betto e a mímica das grades. As vociferações contra o capitalismo. O bom mocismo esquerdista. Dom Hélder, Caio Prado, Milton Santos, Gilberto Freyre e, tipo, uma expressão no ar de: “galera eu li, tá?”
A temporada da Denise Stoklos no espaço cênico Ademar Guerra é marcada por alguns problemas de produção, que começa pelo fato do espetáculo não ter programa até a disposição da platéia que parece não em ter que ficar exprimida nas arquibancadas, nem em não ter uma visão privilegiada sentando nas arquibancadas laterais ou tendo uma pilastra bem no meio de uma das arquibancadas.
E a relação com o publico é algo bastante curiosa: O publico é (geralmente) muito carinhoso com a Denise Stoklos, estando sempre disponível para rir de uma expressão facial, ou de uma piada, ou dizer como ela é genial por conseguir fazer de um punhado de citações algo divertido. Teve uma hora que eu pensei: Seria muito mais divertido ir pra aula se meus prof usassem recursos da mímica e do teatro essencial pra apresentar e expor o pensando de um filosofo X . E o rapaz que sentou ao meu lado, que vibrava com cada nova citação, tentava adivinhar quem era o autor e quando acertava vibrava. Ou a mulher atras de mim que achava tudo genial!! Ou a estudante que sentou no chão e cochichava com sua amiga sobre a precisão técnica das ações, a genialidade com que a Denise Stoklos manipula a palavra criando texturas. Ou a primeira cena do espetaculo que é super cansativa ou a visão teatralzinha da ditadura militar, ou a ironia que ela faz com o Ex presidente Fernando henrique Cardoso e a sua famosa frase: "esqueçam o que eu disse"
Ei, alguém precisa dizer a ela que as coisas mudaram, tipo: o cara que tá com a faixa agora só não repetiu “esqueçam o que eu escrevi” porque ele nunca escreveu nada, mas bem que poderia dizer: “esqueçam quem eu fui” .As novidades, Denise, não param por aí. Desculpa, mas eu tenho mais recados do século XXI, já que você insiste em ficar no século passado. Sua peça no máximo vai até Lamarca, né? Aí é fácil brincar de polícia e ladrão, o ladrão usava farda. Quero ver agora, que emboloaram o jogo e trocaram o figurino dos dois lados. ( revista Bacante)
Critica oficial diz:
Denise acredita nisto, que pela arte se pode chegar a uma compreensão dos nossos conflitos, sem atribuir a “forças ocultas” nossa impossibilidade humana de viver em plenitude.Nosso fracasso é a vitória da verdade sobre a não-verdade, do amor sobre a cólera, da união sobre a fragmentação. Sua arte Poe o Brasil lado a lado com outros países, com a vantagem de apontar para a esperança, que renasce em cada um de nós, depois de revê-la. Por Marly de Oliveira - Junho de 2000
E pra terminar, a Denise começou a peça com um “Parabéns pro Brasil, nesse um de abril” e terminou com um “Parabéns pra você [dirigindo-se à platéia ou puxando as palmas pra ela mesma] parabéns pra você! Pra você!”. Tudo bem redondinho, que nem uma chave de ouro de um soneto decassílabo perfeito parnasiano.
(Revista bacante)
Mas uma coisa é fato: dissonante ou assonante (?) difícil não partilhar de uma espécie de comunhão com a Denise stoklos.
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