segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Quando não resta nada a dizer




1- Os nomes dos diretores (que também dá nome a Cia) são repetidos 12 vezes no programa do espetáculo.

2- A Barbara Heliodora traduziu os três textos curtos do Beckett (uma tradução arrojada, como diz o programa) Mas a peça quase não tem fala. O que a Barbara Heliodora traduziu? As ações? É possível. Qual a necessidade de uma tradução “arrojada” para ações?

3- “A montagem projeta em cena os desejos dos espectadores” Quais desejos? O tédio? É característica do Beckett os silêncios, as pausas longas, as ações fragmentadas, o jogo com as palavras. Mas, além disso, os diretores criaram longas repetições performáticas com água, baldes e homens usando ternos. Dilatando o tempo e provocando a sensação de “isso não vai acabar nunca?”
4- A montagem afirma a atualidade do Beckett. Que atualidade? Pensem comigo: Um texto atual pode ser aquele que mesmo com o passar dos anos dá a possibilidade de você criar sentidos, poéticas... Ou uma montagem “atual” é aquela que dialoga com questões, problemas e situações de certo lugar ou momento histórico. Tirando os objetos de cena super modernosos, e as performances (que são super clichê – Afinal quem nunca pegou um balde, encheu de água e usou como metáfora para um rio, um mar, uma banheira, ou para simbolizar suicídio , ehm?)

5- No programa a expressão: Respiração embolada. R E S P I R A Ç Ã OE M B O L A D A . Como é uma respiração embolada? Eu fiquei muito curioso para saber.
6- Li numa crítica que diz que uma das qualidades da peça é um tratamento levemente cômico do Beckett, além da beleza plástica . De fato essa é uma qualidade da montagem. Ah! Outra qualidade da montagem é a performance final usando baldes cheios de água, repente e batuques . Tudo sincronizado, e muito empolgante.

7- A dramaturgia da encenação são os três textos do Beckett costurados por performances criadas a partir de algumas palavras-chave na obra do Beckett como silêncio, respiração... As performances se propõem a um radicalismo didático e entediante. Jhon Cage em 1950 consegiu ir mais longe se propondo quase a mesma coisa que “ resta pouco a dizer”. Veja só:

8

Nenhum comentário:

Postar um comentário