Sala de um apartamento no centro de são Paulo. Duas mulheres fazem ações cotidianas de forma não cotidiana. Chove. Um ator antes de entrar na casa situa o espectador no tempo e no espaço e fala dos planos de criar um manual de instruções para a vida.
O nome da peça sugere um exercício metalingüístico que, de certa forma, se concretiza seja na interpretação distanciada ou na narrativa quebrada que abre espaço para os atores se tratarem pelos seus nomes, e conversar com o publico ou quando o Willian Simplício se pergunta se é um bom ator. Ou quando a interpretação fica mais emocionada é geralmente num tom de deboche ou até quando os atores falam suas narrativas pessoais é nesse mesmo tom de deboche.
A peça tem uma estrutura simples, um prólogo e três atos. Narrativa linear mesmo com o distanciamento, a quebra da narrativa, o depoimento pessoal e o comentário irônico dos atores quando vão para um lugar mais emocionado e pessoal. Isso para falar da relação do individuo na esfera privada e na esfera pública de uma grande cidade. Mas sim, a tentativa de responder uma pergunta usando um manual de instrução para se viver.
Os dois primeiros atos o ator-narrador se Poe num lugar distanciado, por isso as quebras, os distanciamentos, os comentários e os depoimentos pessoais. No terceiro ato dedicado a morte acontece algo interessante. A impossibilidade de fornecer instruções pra morrer gera uma reflexão meio romântica da morte como um instante de revisão da sua vida e de possibilidade de fazer o que você realmente tem vontade de fazer, assim escapando das rotinas malucas e mecânicas das grandes cidades. Diante do problema de não conseguir falar sobre a morte de modo objetivo a ideia de um manual de instrução perde sua função. O tom distanciado, superior com momentos de quebras pra falar diretamente com o publico se perde e ai a peça se torna mais complexa e muito mais interessante.
E o final é aberto meio como uma critica a idéia pretensiosa ,de três jovens atores, de criar um manual de instrução pra se viver e morrer.
Ps: Mais informações sobre a peça você encontrará no blog do coletivo: http://coletivocronopio.blogspot.com/
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