sábado, 13 de novembro de 2010

o contemporâneo não exige muito


   Quinta-feira à noite na famigerada Praça Roosevelt. O Satyros I praticamente lotado para a apresentação do espetáculo mais recente do grupo (que recebeu ótimas críticas): Roberto Zucco.
   A encenação é super contemporânea e traz o texto de um autor francês sobre um assassino italiano que matou pai e mãe, tudo num universo bem marginal - escolha coerente com o histórico do Satyros. Existe um tom expressionista, a inocência é uma impossibilidade, e o mal parece estar atrelado ao humano. O vazio e a necessidade/impossibilidade de dar sentido a existência parecem motivar todas as ações: os crimes de Zucco, a excitação do coro patético de transeuntes no parque, o desejo da Madame que flerta e tem o filho morto, a moça que se agarra à virgindade da irmã mais nova como tentativa de redenção... No entanto, a abordagem soa em muitos momentos superficial.
   Existe a proposta de uma relação mais estreita com o público*, que é acomodado em duas arquibancadas  que estão em frequente movimento entre as cenas. Se a intenção é atingir a sensibilidade do público (o organismo, o sistema nervoso, como tão bem descreveu e sonhou Artaud), eles deveriam se servir de todos os meios... Não só dessa proximidade, mobilidade, do uso do vídeo, da utilização de todo o espaço. Falta um trabalho mais sério de ator né. Mas se a intenção é reafirmar o grupo no lugar comum do contemporâneo, eles conseguem.

* (que o próprio espaço sugere e que foi investigada na última peça deles com a idéia de 'teatro expandido')

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