O que o bob esponja tem a ver com esse blog, com o espetáculo?
A caixa idiota é nome desse episódio( que eu consegui baixar e postar aqui graças a um esforço e persistência quase cristã) Esse episódio eu sempre achei que é meio a síntese do que é teatro. Existe um espaço (que inclusive pode ser uma caixa) que você preenche com a imaginação, o jogo e a brincadeira.
Mas para dar certo é preciso acreditar na brincadeira e no jogo ,né?
A caixa mágica de "chuvinha pasmada" :
Espaço vazio conceito empregado por Peter Brook para designar, em termos visuais, a característica por ele eleita para definição do espaço cênico. É um espaço psicologicamente concentrado, recaindo a atenção do público no desempenho e intenções explícitas (ações determinadas) ou implícitas (secretas ânsias e vinganças) das personagens. É também, por outro lado, um espaço aberto, intemporal, não datado, onde tudo pode acontecer…
O ponto de partida é o vazio
Um cenário nu, a-histórico, sem referências explícitas. São os atores, usando a excelência do gesto, do olhar e sentindo o que as palavras designam, que criam o cenário
Desse espaço vazio onde a imaginação frui em gestos que viram imagens e palavras de imagens e imagens das palavras.
É desse espaço vazio que “chuva pasmada” espetáculo do grupo Matula de teatro parte.
Preenchendo espaços vazios, abrindo fendas poéticas de forma sensível e critica.
CHUVA PASMADA
SESC Pompeia
Dia(s) 22/10, 23/10, 24/10, 29/10, 30/10, 05/11, 06/11, 07/11, 12/11, 13/11, 14/11
Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 18h
domingo, 31 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Outros justos
Não consegui achar imagens do espetáculo, nem qualquer informação que fosse maior que esta resenha:
Em uma sala de aula imaginária, um velho professor tenta ministrar sua última aula em memória de seu melhor amigo, um intelectual que faleceu durante os anos do nazismo.
Na bilheteria da Casa das Rosas a mulher super simpática está contando ingressos quando eu, Sueli e Diego nos aproximamos. Ela entrega os ingressos com um sorriso e comenta que a peça não tem tido muita procura, mas toda apresentação duas três pessoas vão embora sem conseguir ingresso. Por quê? Descobrirei logo, logo. A casa das rosas é um espaço alternativo e cabem não mais que vinte pessoas.
Entramos numa salinha.Como não tenho informações sobre a peça olho atenciosamente o espaço, não há objetos cênicos que tenham sido trazidos pela encenação. O abajur, a mesa, o gravador, a cadeira são objetos da casa das rosas.
Também não há sinais, nem a moça ou o moço eletrônico que pede para desligar os celulares e não consumirem alimentos, nem tirar fotos ou gravar o espetáculo sem a autorização da produção. 10 minutos passam e um clima misterioso se instaura. 15 minutos depois um homem entra na sala. Não há nada nesse homem que indique que seja um ator, ele pára, olha pra platéia, olha o relógio longamente e sai da sala.
Pronto a peça começou.
Carlos Rahal criou uma partitura muito precisa de ações, a palavra dita, em cada silêncio pausa, e olhares o ator vai revelando um pouquinho mais do universo desse intelectual, e sua tentativa de falar sobre esse amigo que morreu durante a ditadura militar (e não o nazismo como diz a resenha).
Outro grande feito da encenação é suprimir o nome do amigo e tornar as informações ambíguas possibilitando que a encenação possa acessar o universo dessa última aula de maneira muito sensível e poética.
Outra boa escolha da encenação foi se apropriar do espaço da casa das rosas, o que dá maior veracidade ao espetáculo, já que a casa das rosas é um espaço dedicado a poesia moderna brasileira e onde inclusive acontecem palestras sobre intelectuais naquele mesmo espaço.
Os Outros Justos
Com: Carlos Rahal
Duração: 50 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
Texto e direção: Celso Cruz
Em uma sala de aula imaginária, um velho professor tenta ministrar sua última aula em memória de seu melhor amigo, um intelectual que faleceu durante os anos do nazismo.
Na bilheteria da Casa das Rosas a mulher super simpática está contando ingressos quando eu, Sueli e Diego nos aproximamos. Ela entrega os ingressos com um sorriso e comenta que a peça não tem tido muita procura, mas toda apresentação duas três pessoas vão embora sem conseguir ingresso. Por quê? Descobrirei logo, logo. A casa das rosas é um espaço alternativo e cabem não mais que vinte pessoas.
Entramos numa salinha.Como não tenho informações sobre a peça olho atenciosamente o espaço, não há objetos cênicos que tenham sido trazidos pela encenação. O abajur, a mesa, o gravador, a cadeira são objetos da casa das rosas.
Também não há sinais, nem a moça ou o moço eletrônico que pede para desligar os celulares e não consumirem alimentos, nem tirar fotos ou gravar o espetáculo sem a autorização da produção. 10 minutos passam e um clima misterioso se instaura. 15 minutos depois um homem entra na sala. Não há nada nesse homem que indique que seja um ator, ele pára, olha pra platéia, olha o relógio longamente e sai da sala.
Pronto a peça começou.
Carlos Rahal criou uma partitura muito precisa de ações, a palavra dita, em cada silêncio pausa, e olhares o ator vai revelando um pouquinho mais do universo desse intelectual, e sua tentativa de falar sobre esse amigo que morreu durante a ditadura militar (e não o nazismo como diz a resenha).
Outro grande feito da encenação é suprimir o nome do amigo e tornar as informações ambíguas possibilitando que a encenação possa acessar o universo dessa última aula de maneira muito sensível e poética.
Outra boa escolha da encenação foi se apropriar do espaço da casa das rosas, o que dá maior veracidade ao espetáculo, já que a casa das rosas é um espaço dedicado a poesia moderna brasileira e onde inclusive acontecem palestras sobre intelectuais naquele mesmo espaço.
Os Outros Justos
Com: Carlos Rahal
Duração: 50 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
Texto e direção: Celso Cruz
sábado, 23 de outubro de 2010
Dinheiro público a serviço de.
Eu pergunto se a apresentação na Praça da República vai acontecer, mesmo com garoa, e uma atriz muito animada me responde que o grupo só cancela se chover forte.
Os quatro atores se aproximam do coreto onde o público aguarda. Eles vêm cantando e empurrando uma carroça "... dar forma ao nada, tirar forma do tudo, não dizer nada, tentando dizer tudo".
Então vai aparecendo em cena a família real portuguesa, D. Maria I, D. João VI, Carlota Joaquina e D. Pedro I. Todos uns bufões típicos de teatro popular. Uma sucessão de fatos históricos servem de mote para tiradas farsescas.
Recomendo o texto da Bacante sobre o espetáculo: http://www.bacante.com.br/critica/a-vinda-da-familia-real/
O olhar crítico do grupo lançado ao passado com a intenção de questionar (e transformar) o presente, ainda que não esteja plenamente realizado em cena, fica evidente em alguns momentos. Como no cortejo pela praça em que D. João VI vai a frente dentro da carroça, discursando e fazendo promessas como candidato em campanha política.
Soa um pouco ingênua a cena em que os atores fazem um jogo previsível onde as pessoas do público são convidadas a dizer como seria o novo mundo delas, e as respostas são: um lugar sem violência, uma terra de amor, tolerância... Poderia ter se aprofundado muito mais a exposição de contradições em cena.
O espetáculo parece marcar o amadurecimento do grupo, que surgiu no Teatro Vocacional, possui sede na zona sul de São Paulo e montou "A vinda da família real" com dinheiro do Fomento. Assisti os dois espetáculos mais recentes da Cia. Humbalada: "O menino sem imaginação" e "O cidadão perfeito". É notável a verticalização de caminhos que já estavam apontados, como a boa apropriação do teatro de rua e aprofundamento no gênero cômico popular. É a primeira vez que o orientador/diretor Filipe Brancalião está em cena como ator, e que o ator Bruno César Lopes dirige a Cia.
É exemplo de dinheiro público bem gasto.
A VINDA DA FAMÍLIA REAL
Direção: Bruno César Lopes
Elenco: Filipe Brancalião - Tatiana Monte - Thaís Oliveira - Vanessa Rosa
Dias 19 e 20 de novembro, às 16h, na Praça da República.
Informações: 11 5661-6534 / humbalada@terra.com.br
A VINDA DA FAMÍLIA REAL
Direção: Bruno César Lopes
Elenco: Filipe Brancalião - Tatiana Monte - Thaís Oliveira - Vanessa Rosa
Dias 19 e 20 de novembro, às 16h, na Praça da República.
Informações: 11 5661-6534 / humbalada@terra.com.br
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Helena pede perdão e é esbofeteada
O surgimento e desenvolvimento do melodrama ocorrem dentro de um contexto de profundas e radicais transformações da sociedade francesa, ligadas à ideologia da burguesia que, no início do século XIX, afirma sua força oriunda da Revolução Francesa. Nesse quadro de tantas mudanças, cúmplice de uma teatralidade exagerada e do espetacular, termina por chancelar a ordem burguesa recentemente estabelecida. A estrutura do melodrama é simples: num plano “opõe personagens representativos de valores opostos: vício e virtude” e num outro “alterna momentos de extrema desolação e desespero com outros de serenidade ou de euforia, fazendo a mudança com espantosa velocidade” No final a virtude é recompensada e o Mal punido; a boa ordem confirma-se e é assim que deve permanecer para sempre.
"Helena pede perdão e é esbofeteada" conta a história de Helena e seu marido, Augusto, que têm a casa invadida pela dupla Mary e Jack. Os invasores posteriormente se revelam ativistas políticos e convencem o casal a fazer parte de suas ações pseudo-terroristas. Durante as ações extremistas do grupo, Helena é deixada para trás e é expulsa algumas vezes, mas sempre consegue voltar. A atuação do quarteto fracassa completamente, causando o seu rompimento e a troca entre os casais. Helena se aproxima de Jack, de quem tem um filho, e Mary vai embora junto com Augusto, em busca do ex-chefe dele.
No caso específico da telenovela brasileira, embora a estrutura seja mais complexa e as personagens tenham um maior aprofundamento psicológico, nela também estão presentes os mesmos elementos básicos do melodrama: a oposição Bem/Mal, momentos de serenidade, alegria e felicidade alternando-se com outros de aflição, tristeza e desolação - os sentimentos positivos.
O melodrama, adota “uma peculiar linha de progressão, (...) se mantém aberto para incorporar sempre novos desdobramentos telenovela onde o distender da história é uma alternativa à disposição do autor, permitindo-lhe o sobrevir de novos episódios e peripécias, provocando no telespectador a suspeita de que falta muito ainda para acontecer, inquietação irritante para não dizer desesperadora, mas que instiga o seu interesse e o mantém preso diante do televisor.
A encenação do Tablado de Arruá Busca a sobreposição de linguagens, uma televisão instalada na rua permite um recorte de telenovela para o espetáculo. Transmite imagens (captadas ao vivo) apresenta pontos de vista simultâneos da cena que é vista ao vivo como detalhes da expressão dos atores. Para retratar o lado de fora da casa, são utilizados espaços do entorno, como bares, bancos, morros, lagos, na busca de um teatro de rua que lide também com a intervenção e com a utilização de espaços alternativos em geral.
Apoiada pela Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e pelo prêmio Myriam Muniz, a peça integra o projeto Atentados, cuja pesquisa tem como base a busca por uma linguagem violenta e destrutiva, à altura do dia-a-dia atual numa metrópole como São Paulo e, sobretudo, à altura das ruas, onde a peça será apresentada: “Eu não acho que tenhamos de construir nada. Não é nossa obrigação construir uma compreensão, uma teoria sobre a sociedade atual. O dinheiro da Prefeitura não tem que ser usado de maneira construtiva. Tem uma cláusula na lei, a contrapartida social, que muitas vezes é tomada como um valor social que a obra teria. Às vezes se traduz isso em um sentido em que a obra deveria servir para as pessoas entenderem melhor a sociedade onde elas vivem, algo positivo."
HELENA PEDE PERDÃO E É ESBOFETEADA Reestreia dia 21 de outubro, quinta-feira, às 16h na Praça da Liberdade (atrás do metrô Liberdade). Dia 22 de outubro, sexta-feira, meia-noite, na Rua Vieira de Carvalho (esquina com Praça da República). Temporada - Sextas, na Praça da Liberdade, às 16h, sábados, meia noite, na Rua Vieira de Carvalho (esquina com Praça da República). Até 10 de dezembro. Duração – 60 minutos. Classificação Etária - 14 anos. Telefone para informações: (11) 7363 6226.
"Helena pede perdão e é esbofeteada" conta a história de Helena e seu marido, Augusto, que têm a casa invadida pela dupla Mary e Jack. Os invasores posteriormente se revelam ativistas políticos e convencem o casal a fazer parte de suas ações pseudo-terroristas. Durante as ações extremistas do grupo, Helena é deixada para trás e é expulsa algumas vezes, mas sempre consegue voltar. A atuação do quarteto fracassa completamente, causando o seu rompimento e a troca entre os casais. Helena se aproxima de Jack, de quem tem um filho, e Mary vai embora junto com Augusto, em busca do ex-chefe dele.
No caso específico da telenovela brasileira, embora a estrutura seja mais complexa e as personagens tenham um maior aprofundamento psicológico, nela também estão presentes os mesmos elementos básicos do melodrama: a oposição Bem/Mal, momentos de serenidade, alegria e felicidade alternando-se com outros de aflição, tristeza e desolação - os sentimentos positivos.
O melodrama, adota “uma peculiar linha de progressão, (...) se mantém aberto para incorporar sempre novos desdobramentos telenovela onde o distender da história é uma alternativa à disposição do autor, permitindo-lhe o sobrevir de novos episódios e peripécias, provocando no telespectador a suspeita de que falta muito ainda para acontecer, inquietação irritante para não dizer desesperadora, mas que instiga o seu interesse e o mantém preso diante do televisor.
A encenação do Tablado de Arruá Busca a sobreposição de linguagens, uma televisão instalada na rua permite um recorte de telenovela para o espetáculo. Transmite imagens (captadas ao vivo) apresenta pontos de vista simultâneos da cena que é vista ao vivo como detalhes da expressão dos atores. Para retratar o lado de fora da casa, são utilizados espaços do entorno, como bares, bancos, morros, lagos, na busca de um teatro de rua que lide também com a intervenção e com a utilização de espaços alternativos em geral.
Apoiada pela Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e pelo prêmio Myriam Muniz, a peça integra o projeto Atentados, cuja pesquisa tem como base a busca por uma linguagem violenta e destrutiva, à altura do dia-a-dia atual numa metrópole como São Paulo e, sobretudo, à altura das ruas, onde a peça será apresentada: “Eu não acho que tenhamos de construir nada. Não é nossa obrigação construir uma compreensão, uma teoria sobre a sociedade atual. O dinheiro da Prefeitura não tem que ser usado de maneira construtiva. Tem uma cláusula na lei, a contrapartida social, que muitas vezes é tomada como um valor social que a obra teria. Às vezes se traduz isso em um sentido em que a obra deveria servir para as pessoas entenderem melhor a sociedade onde elas vivem, algo positivo."
HELENA PEDE PERDÃO E É ESBOFETEADA Reestreia dia 21 de outubro, quinta-feira, às 16h na Praça da Liberdade (atrás do metrô Liberdade). Dia 22 de outubro, sexta-feira, meia-noite, na Rua Vieira de Carvalho (esquina com Praça da República). Temporada - Sextas, na Praça da Liberdade, às 16h, sábados, meia noite, na Rua Vieira de Carvalho (esquina com Praça da República). Até 10 de dezembro. Duração – 60 minutos. Classificação Etária - 14 anos. Telefone para informações: (11) 7363 6226.
sábado, 16 de outubro de 2010
Hell
Não tenho preconceito com atores globais. Mas não falta quem os superestime quando vão vê-los de perto, no palco.
"Hell" tem um ou outro momento cômico. Mas... A cena inicial, em que Bárbara Paz fumando sem parar prova milhões de vestidos, enquanto "esnoba" a platéia, narrando como leva uma vida luxuosa e infinitamente distante de sonhar o que é pertencer a classe média, fazer dívidas a prestação, trabalhar. Se a intenção da cena era ser engraçada, não funcionou (apesar da "generosidade" do público - pra não definir como burrice ou escapismo barato - a predisposição para rir com que as pessoas vão ao teatro). A atriz devia ter aprendido com a dama maior dos nossos palcos. Mas se a cena serve só para nos fazer penetrar nesse universo degradante consumista de frivolidades, baladas, álcool, sexo e drogas em que Hell vive - atinge até certo grau seu objetivo.
A peça é uma narrativa seca, na maior parte do tempo distanciada, que sai da boca da protagonista, transpassada ali e aqui por algumas pequenas, repetitivas (como os cigarros que não saem de cena e o troca-troca de roupas), mas potentes ações. O jogo narrativa/ação é bem construído. Por se tratar quase de um monólogo, o abuso do blecaute (apesar da iluminação ser bem cuidada, criando o tempo todo um ambiente sombrio) e da música, torna as transições de cena um pouco cansativas.
Belas e surpreendentemente poéticas são as cenas em que Hell e Andrea (Ricardo Tozzi) transam pela primeira vez; e a cena em que a rica menina narra para um michê com quem está transando o enredo da ópera La Traviata.
O vazio e a descrença da personagem na vida, fazem com que ela desenvolva uma moral muito própria e oposta a tudo que os valores familiares e religiosos ensinam (até certo ponto, como disse esse crítico aqui).
É curioso ouvir as idéias diferentes que a Bárbara Paz e o diretor Hector Babenco mostram ter sobre as motivações da montagem. Cá pra nós, a peça não parece ter sido motivada por grandes inquietações/necessidades de ninguém, mas tem lá seus méritos.
Espetáculo assistido dia 15/10/2010 na companhia do Henrique.
Adaptação: Hector Babenco e Marco Antonio Braz
Direção de Hector Babenco e Co-direção de Murilo Hauser
Elenco: Barbara Paz e Ricardo Tozzi Teatro do SESI – São Paulo
Avenida Paulista, 1313 – Metrô Trianon-Masp
Avenida Paulista, 1313 – Metrô Trianon-Masp
Temporada: 07/10 a 19/12/2010
Quinta-feira a domingo - 20h
Quinta-feira a domingo - 20h
Excepcionalmente, não haverá apresentações nos dias 21, 22 e 23/10
Duração: 75 min
Entrada: Quintas e sextas - Entrada franca
Sábados e domingos - R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
PORQUE ALÉM DE RYCA, EU SOU DIABÓLICA.
I
“Vazio encontra sua expressão em toda forma de existência, na infinitude do Tempo e Espaço em oposição à finitude do indivíduo em ambos; no fugaz presente como a única forma de existência real; na dependência e relatividade de todas coisas; em constantemente se Tornar sem Ser; em continuamente desejar sem ser satisfeito; na longa batalha que constitui a história da vida, onde todo esforço é contrariado por dificuldades, até que a vitória seja conquistada. O Tempo e a transitoriedade de todas as coisas são apenas a forma sob a qual o desejo de viver — que, como coisa-em-si, é imperecível — revelou ao Tempo a futilidade de seus esforços; é o agente pelo qual, a todo o momento, todas as coisas em nossas mãos tornam-se nada e, portanto, perdem todo seu verdadeiro valor.”
(Shopenhauer: o vazio da existência)
II
Ao Cair da noite e quando escurece Paris muda de cor e sentidos... Estou num taxi que corre pela margem do Sena e abaixei o vidro para poder fumar.Num instante estarei sentada em algum lugar como Avenue, o Hotel Costes o Maison,Blanche , Nobu, Xu Tanja, no stresa, ou ainda no Plaza: vou jantar um folheado de carangueijo e, é claro um vinho suave, ou então não janto e bebo Cosmos, ou uma vodca pura, fumando um cigarro atrás do outro e dizendo " como vai" às pessoas...
III
Luz ascende. Um abajur, uma cadeira, uma mesa de madeira roupas jogadas no chão a atriz ascende um cigarro, troca de roupa , se olha, num espelho invisível, não gosta da roupa, deixa o cigarro no cinzeiro trocou de roupa de novo, fumou mais, se olhou no espelho. A música eletrônica francesa moderna para e a atriz fala. Fala um longo texto e a platéia vai ao delírio.
A fala basicamente é sobre como a personagem é rica, fútil, consumista, e como a platéia é pobre, feia e medíocre. E a platéia ri loucamente dessa velha piada tão explorada por personagens de humor da TV.
IV
Hipoteses critícas:
1- Sempre que houver cena no quarto da Hell a platéia vai rir. E vai rir não só quando ela disser qual a marca da sua roupa. Só de a atriz tocar no cabelo, ou tocar numa roupa a platéia louca pra ser chamada de pobre, burro, feio vai rir.
2- O Blecaute vai percorrer toda a encenação.
3- Toda a gestualidade que atriz construiu para a personagem parece ser inspirada nas poses de um ensaio de moda da revista Vogue
4- A encenação soa datada, falando de um lugar, de pessoas, que muito distante e desinteressante. Essa cena apesar de provocar o riso e a simpatia da grande maioria dos espectadores demarca a distancia que existe entre o universo rico Frances e o nosso – pobre feio e medíocre.
5- A peça fala de jovens que buscam nas drogas, no sexo e no consumismo a fuga para o vazio.
6- Esse vazio é exteriorizado em um palco quase nu na penumbra ou na escuridão total onde os personagem se movem. Interessante é a construção gestual que remete a pose de modelos em ensaios fotográficos da revista vogue.
7- Os únicos lugares em que a iluminação é forte são quando a personagem Hell vai consumir ou encontra algum cara que mexa realmente com ela. Ai um painel ilumina e são sempre cores fortes.
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